27 de agosto

Hojé é 27 de agosto. Viva a reflexão!

Hoje é o dia daqueles que escolheram uma profissão que, para além de tratar, buscam compreender a complexidade da mente humana e acolher as diferentes pessoas que atendem, com suas particularidades e em sua subjetividade. Não fazemos diagnósticos e os tratamos para adaptar pessoas ao mundo. Escutamos e acolhemos pessoas em suas histórias de vida e visões de mundo, e que por inúmeros motivos, adoecem e sofrem. Há uma diferença humana aí!

No cerne do trabalho psicológico está a prática da escuta — aquela que ouve além das palavras ditas, captando outras nuances, lendo silêncios, oferecendo acesso para que sentimentos não verbalizados possam seguir o trilho das palavras, compondo outros significados. Um trabalho delicado e artesanal, que o profissional oferece para que cada paciente possa tecer, remendar, alinhavar e no fim, cozer uma colcha de retalhos de saber para sempre original.

Hoje celebramos o dia daqueles que para toparem essa jornada ao lado de alguém, não apenas “sentam e só escutam”, mas sabem escutar pois foram escutados, estudaram e continuam empenhados em um percurso sem fim de leituras, grupos de estudos, supervisões, seminários, pós, pesquisas e tantas discussões indispensáveis que promovem uma via acessível e ímpar para um trabalho como este.  E este é o convite de um psicólogo: diga mais, conte um pouco mais. Afinal, narrar-se nas sessões provoca um vendaval de coisas. Desperta outros tantos tons que uma mesma melodia chamada vida pode tocar.

Fale-me mais sobre isso

Falar em análise faz a nossa história existir. Claro que ela já existia antes, mas falar dela nos dá a chance de encadeá-la de uma forma nova, criando um jeito diferente de sentir o tempo e o espaço em que as coisas aconteceram, reencontrando o que já estava lá, escritinho e paradinho, mas com vírgulas sobrando, acento onde não tem, letras maiúsculas perdidas no meio de palavras, frases sem sentido ou faltando palavras ou com o excesso delas. Uma baita confusão literária! E daí a gente se dá conta que existíamos em uma vida de repetir pra gente mesmo (às vezes pros outros) a mesma tragédia que nem nos convence mais. Sim, falar em análise faz a nossa história existir (de uma forma diferente) e a gente existir apesar dela e para além dela. E isso é bastante liberta-dor. 😊

Casa

Uma parte de mim está morta. Já vivi o bastante para ter me esfolado no caminho algumas vezes – remendado-me do jeito que deu com o passar do tempo – também já sofri um bocado por amor e enlouqueci outro bocado de ódio. Restabeleci-me cheia de cicatrizes maltrapilhas, mas desta vez é impossível, nenhuma gambiarra dá conta dessa dor. A única parte viva em mim é a que insiste em escrever, o resto foi a óbito. 

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Revolta

Fui ao teatro assistir o musical “Matilda” (livro de Roald Dahl) em cartaz no teatro Claro desde 18/10/23. A peça conta com um elenco maravilhoso de crianças! Lindas, atuando, dançando, cantando e contando esta história!  

Matilda, apenas uma garotinha. Mas que lia e muito. Os livros eram seus companheiros e as histórias seu refúgio. O que poderia uma criança ser e fazer diante do poder da tirania sádica de uma diretora e de pais que vivem alienados ao consumo? Ser “another brinck in the wall” e virar mistura homogênea na massa social? Consumir informação enlatada, prontinha e entregue de bandeja pelos meios de comunicação e reproduzi-las sem reflexão? 

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